sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Vigiar e Punir

Cursando psicologia pela Unifesp, tive o prazer de conhecer o trabalho de um filósofo francês de grande renome: Michel Foucault, e sua obra 'Vigiar e Punir'. Pra quem não conhece, o amigo wikipedia diz que: 'É um exame dos mecanismos sociais e teóricos que motivaram das grandes mudanças que se produziram nos sistemas penais ocidentais durante a era moderna.'

O nome da obra já remete ao tipo de análise crítica feita pelo filósofo ao funcionamento do sistema, que na época via as prisões como forma 'humanitária' de se cumprir pena.

Enfim, hoje me deparei com um vídeo que foi a faísca que precisava para que pudesse escrever sobre o tema 'Vigiar e Punir'.



O vídeo mostra policiais agredindo brutalmente um grupo de manifestantes pacíficos. Para quem não entende inglês, o primeiro foi atacado por estar filmando o ocorrido, a segunda pessoa, uma mulher, foi arrastada e detida por vários policiais, e no terceiro caso um policial espirra todo o conteúdo de seu spray de pimenta num grupo de jovens mulheres, que manifestavam pacificamente, como pode-se ver no próprio vídeo.

É lamentável ver até que ponto certos policiais acham que se estende o direito deles de 'punir e controlar'. Cabe aqui ser usada uma citação de uma banda que fala muito sobre o assunto, Planet Hemp, 'querem nos controlar, mas são todos descontrolados'.

Vigiar e punir é o papel deles, mas quem os vigia? Até que ponto eles tem direito de abusar desse poder impunemente?

Infelizmente o sistema que julga os militares é falho, como o próprio repórter afirma que também acontece nos Estados Unidos, esse tipo de abuso passa despercebido todos os dias, em nossas ruas, e não nos sentimos lesados até sermos afetados diretamente por essa covardia.

Somos vigiados, todos os dias, por pessoas que se vêem no direito de julgar nossas atitudes, não só visando o cumprimento da lei, mas visando principalmente o cumprimento do 'direito de exercer seu poder'. O suposto direito de se sentir superior à alguém apenas pelo fato de carregar um distintivo.

Até que ponto podemos ser vigiados?
Quando vão perceber que punir não resolve os problemas?

Há um problema sócio-cultural muito maior envolvido na criminalidade e no descumprimento das normas da nossa constituição, e não vai ser vigiando e punindo que esses problemas serão resolvidos, e sim educando.

No Brasil são gastos dezenas de milhões de reais em armamento e verba pra policiamento de várias cidades. Por que não investir esse dinheiro na educação? Assim as crianças das favelas verão outra alternativa que não o tráfico e o crime.

'Ninguém prepara o jovem, nem os pais nem a TV, pra botar o pé na estrada e não se perder.
Ninguém prepara o jovem pra saber o que fazer quando bater na porta e ninguém atender.
Ninguém me dá a chave pra abrir a porta certa, mas a porta errada eu encontro sempre aberta!
Entrar numa roubada é mais fácil que sair.Tem alguém aí? (...)' 
Gabriel, o Pensador

terça-feira, 20 de setembro de 2011

'Democracia'

A ilusão de livre escolha

Na última vez que chequei nossa constituição, lí algo que dizia sobre democracia em algumas linhas avulsas. 


democracia 
(grego demokratía, -as, governo do povo) 
s. f.
1. Governo em que o povo exerce a soberania, direta ou indiretamente.

3. O povo (em oposição a aristocracia).




Se minha habilidade de interpretação não estiver afetada, posso concluir que democracia é o governo controlado pelo povo. E posso dizer que o povo brasileiro não controla absolutamente nada do que é composto o governo (exceto eleger um palhaço da tv como representante político). E esse problema tem duas raízes e um atenuante, respectivamente:

1 - O povo que não manifesta interesse em participar do governo e dos assuntos que o envolve, acreditam que não tem conserto ou que assim ta bom e nem se informam sobre o que acontece no próprio país.

2 - O governo em si que usa uma máscara para acobertar a democracia cosmética sob a qual nós vivemos. Dentro do conceito de democracia citado anteriormente, o povo faz a lei, e se o povo faz a lei nenhuma manifestação popular poderia ser reprimida ou reprovada pelo estado e seus componentes. O livre direito de expressão é uma das emendas da nossa república democrática.

3 - A mídia que nos lambuza de informações inúteis, acontecimentos que não dizem ao nosso respeito e produtos; os produtos, que são a forma da falsa democracia de te fazer achar que tem direito de escolher, direito de usar a recompensa das suas horas de trabalho, e te encher de escolhas ilusórias que só vão te levar à mesma coisa: o fortalecimento desse império.

Sei que somos uma nação que cresceu da escravidão, e que nunca fomos povo de voz, mas a mínima responsabilidade do povo de um país democrático é gritar, se você quer que mude, e a pessoa ao seu lado também quer, juntos devemos lutar contra a repressão da nossa liberdade.

O estado tem um contrato conosco, e quem tem que cumprir o contrato não somos nós, são eles.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A padronização do comportamento

É mais um dos produtos vendidos pela rede Globo e pela revista veja, e se você é um consumidor desse produto, essa mensagem é pra você:

Vocês, escravos da moda, da etiqueta e dos bons costumes, que adoram apontar o dedo e usar de chacota os que não se submetem à servidão que vocês se renderam...

Enquanto você rí da pessoa que está fora da moda, as grandes marcas riem de você, por comprar uma calça de 300 reais que tem o custo de produção que não passa de 40 reais.

Você não tem face, você é o espelho da identidade da mídia, você é o clone do clone da propaganda que tenta te vender um personagem, alguém que você não é e nem se tornará comprando a roupa ou o perfume que ele usa.

Você não tem identidade, você não tem personalidade e você não tem inteligência, porque se tivesse já iria ter se perguntado quem cria a moda, e sabe quem é? Os mesmos que vendem essa moda por 300 reais.

E o mesmo que no ano que vem irá dizer que essa moda que você comprou já não está mais na moda, e que para se encaixar no padrão, terá que comprar a nova moda de 300 reais que já está nas vitrines de todo o país.

Vocês, meus amigos, que se submetem à essa padronização de comportamentos, sinto em dizer, mas são o bloco mais ignorante de pessoas que habitam nosso país.

Dinheiro não compra personalidade, você não é o que você veste, você é o que você pensa, e se você pensa igual a todos você é só mais um clone do clone do padrão de comportamentos.

Agora é minha vez...


Homo Sapiens é latim para 'homem que pensa', o que me fez pensar, será que todos nós seres humanos somos seres pensantes?
Assumo que muitos de vocês vão ter preguiça de ler este texto, se tiverem não vou insistir que leiam, pode desligar o computador e ir assistir malhação, porque você faz parte da parcela de homo sapiens que não pensa.

Até quando você vai deixar a rede Globo e a revista Veja mastigarem as informações pra você? Até quando vai viver nas sombras de uma sociedade que só demonstra desprezo pelos que não tem? E quando eu falo de quem não tem, não falo só de bens materiais.

Há quem não tem informação, e muita gente escolhe não ter.

As novelas da rede Globo não espelham a realidade brasileira, será que vocês não tem inteligência suficiente pra perceber isso? Só querem te convencer de que ta tudo bem pra você poder continuar consumindo mais e mais o que a própria rede Globo vende:

Consumindo a ignorância, consumindo o preconceito.
Consumindo a mentira, consumindo a hipocrisia, o desrespeito.

Se liberte dos formadores de preceitos e vá pensar, seja um homo sapiens, seja um homem que sabe e não um homem que aceita calado.

A minha parte? Eu to tentando fazer escrevendo pra você, mas se você não fizer nada, meu esforço será em vão.

Abra o olho Brasil, o mundo ta girando.